Ideia é pressionar quem paga o frete. Alta do preço do óleo diesel deve causar um efeito em cadeia
A alta de 24,93% nos preços do óleo diesel anunciada, na quinta-feira (10), pela Petrobras, já causa efeitos negativos entre os caminhoneiros.
Contra o aumento, muitos profissionais do setor não devem carregar os veículos por estes dias e devem ficar parados em casa, para não trabalhar no prejuízo.
“O correto é parar no fim de semana, mas parar em casa para ver a reação do mercado. Esse é o meu conselho para ver como o mercado vai reagir e se o governo também vai tirar impostos porque são caríssimos”, disse Edgar Laurini, presidente do Sindicado dos Transportadores Autônomos de Bens de Tangará da Serra (239 km a Noroeste de Cuiabá), entidade que reúne cerca de 8 mil profissionais dessa região de Mato Grosso.
No Estado, ao menos até o fim da manhã de sexta-feira (11), a categoria ainda não tinha movimentos organizados para protestar contra o aumento, que elevou o preço do óleo de R$, 5,90, para R$ 6,40 na região.
“Aumentou R$ 0,50 e o problema que não podemos jogar essa diferença no consumo final e a gente tem que absorver esse custo, tem contrato futuro e como que faz para cumprir esse contrato lá na frente?”, disse Lauruni.
“Tem que ter uma solução, tem que pagar mais (pelo frete). Vamos ver o que as transportadoras de hoje (ontem) para amanhã (hoje) falam”, completou.
A categoria também não chegou a um consenso sobre a possibilidade de uma greve.
“O pessoal está é triste, desanimado. A gente briga, reclama e ainda sai de vilão. Parece que é só o caminhoneiro que fica no prejuízo. Então, o pessoal está com receio de fazer manifestação já”, lamentou.
Isso significa que os caminhoneiros parecem estar desistindo de brigar pela queda dos preços dos combustíveis, como ocorreu em 2018 quando realizaram a greve acional que acabou desgastando politicamente a então presidenta Dilma Rousseff (PT).
Nas eleições daquele mesmo ano, a categoria compôs, em sua maioria, a base de apoio a Jair Bolsonaro (PL), que acabou eleito.
Agora, a intenção é pressionar quem paga o frete. Assim pouco importa se o preço do combustível aumenta desde que o frete cubra este gasto.
Por isso, a ideia é ver, nesse fim de semana, as medidas que os traders vão adotar para garantir o transporte dos produtos com mais uma alta dos combustíveis.
“Temos que ver o que o mercado vai nos oferecer. Se o mercado ficar assim, o caminhoneiro não vai poder carregar. É inviável”, afirmou. “Se eles estão precisando do caminhão vão ter que oferecer mais dinheiro”, completou Laurini.
Na Bahia, no entanto, um grupo de caminhoneiros protestou nas imediações do Anel Viário de Feira de Santana, cidade a 100 km de Salvador.
Na prática, o aumento do óleo diesel vai causar um efeito em cadeia. Sobe o diesel, sobe o frete, sobe o preço dos alimentos. As empresas transportadoras de cargas já informaram que o repasse da alta no preço do diesel é inevitável.
Com isso, o movimento deve pressionar os preços de todos os produtos movimentados por caminhões no país.
Segundo Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NT&C Logística) o reajuste cria "uma situação crítica para o transportador, que ainda está negociando com os seus clientes o repasse dos quase 50% de aumento que aconteceram em 2021".