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17 de julho de 2025

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Empresas dos EUA declaram apoio ao Brasil para reverter tarifas de Trump

ECONOMIA 17/07/2025 06:10

Reunião comandada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin teve participação da Amazon, Coca Cola, GM e Caterpillar, entre outras

O governo brasileiro recebeu o apoio de representantes de empresas americanas para as negociações com o governo dos Estados Unidos, com o objetivo de reverter a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados para lá, prevista para começar a vigorar em 1º de agosto.

Nesta quarta-feira (16/7), o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, comandou uma reunião com a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), no âmbito do Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais , do qual participaram várias empresas norte-americanas com operações no Brasil, entre elas a Amazon, a Coca-Cola, a GM, a Caterpillar e a MedTech.

Tanto a Amcham quanto a US Chamber fizeram uma nota conjunta. E nessa nota, elas colocam a sua posição favorável à negociação e que se possa rever a questão das alíquotas”, destacou o vice-presidente.

Alckmin citou um trecho do documento das entidades alertando que a imposição de medidas tarifárias “como resposta a questões políticas mais amplas tem o potencial de causar danos graves a uma das relações econômicas mais importantes dos Estados Unidos, além de estabelecer um precedente preocupante”.


 

Perde-perde

Para o ministro, a tarifa extra imposta ao Brasil representa um “perde-perde”, gerando prejuízo para ambos os países. Por isso, o trabalho conjunto com empresas brasileiras e americanas dá força às negociações para reverter a questão antes do prazo anunciado pelo presidente norte-americano.

Nós queremos todo mundo unido para resolver essa questão. E as empresas têm um papel importante, tanto as brasileiras, que aliás tem empresa brasileira que tem indústria nos Estados Unidos, quanto as empresas americanas. A General Motors comemorou esse ano, participei do seu centenário no Brasil. A Johnson & Johnson tem 90 anos, a Caterpillar tem 70 anos, muitas delas exportam para os Estados Unidos”, destacou o ministro.

Também participaram do encontro representantes da Dow, Sylvamo, Corteva Agriscience e John Deere, além de integrantes do governo federal.

Complementariedade econômica

Ao reiterar que o país está aberto ao diálogo, o ministro explicou que o Brasil enviou nova carta ao governo americano solicitando resposta às propostas de carta anterior, datada de 16 de maio.

“A carta foi confidencial aos Estados Unidos enumerando um conjunto de itens que se poderia avançar no acordo comercial, sempre procurando estimular o acordo comercial, estimular complementariedade econômica e crescimento do comércio exterior, que é emprego e renda”, afirmou Alckmin.

Na conversa com jornalistas, o presidente da Amcham Brasil, Abrão Neto, disse que a entidade tem um longo histórico de diálogo construtivo com o governo brasileiro, contou que há quase 10 mil empresas brasileiras que exportam para os Estados Unidos, que criam 3,2 milhões de empregos no Brasil, e reforçou que a aplicação da tarifa teria impacto negativo para os dois países.

Por isso, disse, a entidade e parceiros têm atuado junto ao governo dos dois países em busca por uma solução.

“O nosso desejo, que é um sentimento, acho que, unânime no setor empresarial aqui no Brasil, é de se buscar a construção de uma solução negociada entre os dois governos e que aconteça de maneira a impedir um aumento tarifário”, afirmou. “O setor empresarial brasileiro e americano tem buscado contribuir com o governo brasileiro e contribuir também do lado americano, trazendo essas suas percepções”, completou.

Investigação dos EUA

Questionado sobre a investigação aberta pelos Estados Unidos com base na Seção 301, que parte da Lei de Comércio de 1974 daquele país, Alckmin destacou que o Brasil vai esclarecer os questionamentos, assim como já foi feito anteriormente, e destacou a atuação brasileira em pontos citados na investigação norte-americana.

“Você questionar desmatamento? O desmatamento está em queda. Aliás, o Brasil é um exemplo hoje para o mundo. Nós temos a maior floresta tropical do mundo, que é a Floresta Amazônica. O Brasil tem empenho em reduzir o desmatamento. A meta é desmatamento ilegal zero, e recompor a floresta com o fundo do clima”, explicou.

Alckmin ainda destacou medidas para redução de emissão de gases de efeito estufa, como mercado regulado de carbono, Lei do Combustível do Futuro e matriz energética limpa e sustentável.

Ele também defendeu o sistema brasileiro de Propriedade intelectual e o PIX, dois pontos que estão entre os alvos da nova investigação norte-americana. “O PIX é um modelo, é um sucesso”, afirmou.


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