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10 de setembro de 2025

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Balança comercial mostra resiliência de exportações brasileiras frente ao tarifaço

ECONOMIA 10/09/2025 08:00
Diario Flip

"Várias negociações se intensificam à luz dessas dificuldades de acesso ao mercado americano", disse a secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Tatiana Prazeres, em entrevista à Voz do Brasil desta terça (9)

As exportações brasileiras atingiram um recorde histórico nos oito primeiros meses desse ano. No período de janeiro a agosto, o acumulado das vendas para o exterior chegou a US$ 227,6 bilhões. Já as importações alcançaram US$ 184,8 bilhões, fazendo com que a corrente de comércio também batesse recorde do período, com 412,4 bilhões. Na comparação ao mesmo período de 2024, a soma das exportações brasileiras para o mundo cresceu 0,5%.

Em entrevista à Voz do Brasil desta terça-feira, a secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Tatiana Prazeres, destacou a resiliência da economia brasileira diante dos desafios impostos pelas tarifas dos Estados Unidos. 

"O que nos chama a atenção nos dados da balança comercial de agosto é a resiliência das exportações brasileiras, mesmo diante dos desafios importantes no mercado americano. Então, houve uma queda de 18,5% das nossas vendas para os Estados Unidos, mas isso foi mais do que compensado com o crescimento de exportações, por exemplo, para a China, aumento de 30%, Argentina, aumento de 40%, México, aumento de 43%", detalhou a secretária.

Ou seja, as exportações brasileiras mostraram muito resilientes, mesmo diante dessas dificuldades, conseguindo, portanto, alcançar outros mercados e resultando num saldo positivo para a nossa balança comercial. Nesse mês de agosto, mostra um resultado também positivo para as exportações para a agropecuária e para a indústria extrativista, e o governo tem trabalhado para diversificar os mercados", completou Tatiana.


Leia a entrevista completa

Secretária, a gente começa a entrevista falando sobre o resultado da balança comercial de agosto. Foi o primeiro mês após a taxação dos Estados Unidos a produtos brasileiros e, mesmo assim, o Brasil continuou com saldo positivo na balança, ou seja, exportando mais do que importa. Como é que se explica isso? Foram os aumentos das exportações para a China e México que garantiram esse saldo positivo?

Nasi, o que nos chama a atenção nos dados da balança comercial de agosto é a resiliência das exportações brasileiras, mesmo diante dos desafios importantes no mercado americano. Então, houve, por um lado, uma queda de 18,5% das nossas vendas para os Estados Unidos, mas isso foi mais do que compensado com o crescimento de exportações, por exemplo, para a China, aumento de 30%, Argentina, aumento de 40%, México, aumento de 43%. Ou seja, as exportações brasileiras mostraram muito resilientes, mesmo diante dessas dificuldades, conseguindo, portanto, alcançar outros mercados e resultando num saldo positivo para a nossa balança comercial no mês de agosto. Nesse mês de agosto, mostra um resultado também positivo para as exportações para a agropecuária e para a indústria extrativista, e o governo tem trabalhado para diversificar os mercados.

Abrindo novos mercados, quais são os nossos principais potenciais, secretária?

Esse desafio de diversificação de mercados é especialmente relevante nesse contexto desafiador do nosso comércio exterior, e nós, de fato, temos nos empenhado para ampliar a nossa rede de acordos comerciais. Então, em 2023, nós concluímos o Acordo Mercosul-Singapura. Singapura, sexto destino das nossas exportações, ainda que seja um país pequeno.

Nós concluímos, em 2024, as negociações do Acordo Mercosul-União Europeia. Nosso objetivo é que esse acordo seja assinado ainda este ano aqui no Brasil e que ele possa produzir efeitos no futuro muito próximo. Nós concluímos, há poucos meses, o Acordo Mercosul-EFTA, que deve ser assinado ainda no mês de setembro e que abre, portanto, oportunidades em países europeus que não fazem parte do bloco da União Europeia.

São países de renda média alta, gerando oportunidades para o Brasil. E há empenho para a conclusão de outras negociações, por exemplo, Mercosul-Emirados Árabes, Mercosul-México, Brasil-México, para ser mais preciso, o vice-presidente Alckmin esteve no México agora, levando empresários, buscando ampliar as nossas exportações, diversificar destinos e, também, naquele contexto, se acordou o início das negociações para ampliar o acordo que o Brasil tem com o México. Então, o Brasil, no mês de agosto, ampliou suas vendas para o México, nossa expectativa é de que esse relacionamento possa ser fortalecido.

Eu diria que várias negociações se intensificam à luz dessas dificuldades de acesso ao mercado americano, ampliando, portanto, e gerando oportunidades e mercados que ainda podem crescer para o Brasil."

Pois é, secretária. Vamos falar um pouquinho do nosso relacionamento com a China, que é atualmente o nosso maior parceiro desde 2009 e que também tem um peso crescente na pauta de exportações brasileiras. Quais são as principais oportunidades com o mercado chinês?

A China, como você mencionou, na Ásia Principal, o destino das nossas vendas, é um país que é cada vez mais relevante para o nosso comércio exterior, cerca de 30% do que o Brasil exporta para a China. Em comparação com os Estados Unidos, os americanos têm 12% do destino das nossas vendas. E a China é uma economia grande e que ainda cresce a taxas expressivas, gerando, portanto, oportunidades ainda a serem exploradas pelo Brasil.

Há uma classe média que ainda cresce, com novas demandas de consumo e há, portanto, oportunidades importantes que vão desde o café até aeronaves. E entre uma coisa e outra, a gente pode pensar, por exemplo, em máquinas e equipamentos, alimentos processados. O Brasil tem um grande potencial de partir de uma base agrícola competitiva e agregar valor vendendo produtos manufaturados a partir dessa base competitiva, posicionando marcas brasileiras no mercado chinês, há oportunidades crescentes que vêm sendo aproveitadas por empresas brasileiras, mas a demanda ainda se expande na China e é importante que a gente aproveite esse momento.

E, secretária, existe algum setor que o governo trata com mais cuidado, que deve sofrer um pouco mais com essa tarifa? A senhora pode falar para a gente?

O objetivo do governo brasileiro é, de fato, encontrar um entendimento com os Estados Unidos nas questões comerciais. Como diz o vice-presidente, ministro Alckmin, a nossa determinação é de negociar, negociar, negociar. Em paralelo, evidentemente, nós temos desenvolvido, implementado o Plano Brasil Soberano que busca exatamente atender as empresas especialmente prejudicadas pelo tarifácio norte-americano."

Então, há medidas de diferentes tipos, nos preocupa especialmente aqueles setores que têm mais dificuldade de diversificar os seus destinos. Então, por exemplo, há o setor de máquinas e equipamentos que, às vezes, produz sob encomenda para um cliente nos Estados Unidos.

Há, no sul do Brasil, o setor de esquadrias de madeira que se desenvolveu para atender o mercado americano. Então, a nossa preocupação está especialmente voltada àqueles setores com dificuldade de diversificar, especialmente expostos aos Estados Unidos. Mas eu diria que o empenho do governo brasileiro, de maneira geral, é de reduzir essa alíquota absolutamente injusta contra o Brasil e ampliar as exceções que foram adotadas lá atrás, ou seja, diminuir o escopo desse tarifaço que, na nossa visão, não se justifica.

Secretária, a gente ainda tem um minutinho. Para os próximos meses, quais são as expectativas para a nossa balança?

Bom, nós temos uma expectativa positiva para o comércio exterior do Brasil. Eu lembro que 2023 e 2024 foram um dos recordes para as nossas exportações. Também foram um dos recordes para a participação de empresas no nosso comércio exterior. Queremos ampliar a base de empresas que têm acesso ao mercado externo e nós vamos anunciar no início de outubro a revisão das nossas projeções para o comércio, o que nós fazemos regularmente.


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