Ex-governador confia na virada nos últimos 90 dias, ignorando que a batalha eleitoral de 2026 já acontece no campo digital
Blairo Maggi fala com a autoridade de quem já viveu o improvável — de 2% nas pesquisas à vitória no primeiro turno.
Sua lembrança de 2002, no entanto, carrega um excesso de otimismo ao projetar o mesmo fôlego para Otaviano Pivetta em 2026. O jogo político mudou: a arena é digital, o tempo é imediato e a narrativa se constrói (ou se destrói) em poucos cliques.
O ex-governador enxerga a eleição como uma maratona que só começa nos últimos 90 dias, mas, hoje, a corrida já está acontecendo, invisível para quem olha apenas para as ruas.
Redes sociais, campanhas segmentadas e a guerra por atenção já moldam o eleitor muito antes do horário eleitoral.
A pesquisa, ainda que imperfeita, tornou-se um termômetro de posicionamento e narrativa — ignorá-la é como pilotar sem painel.
Blairo fala pela voz da experiência, mas o Mato Grosso de 2026 não é o de 2002.
Se antes a virada vinha do corpo a corpo, agora ela pode nascer de um vídeo viral, de um corte de entrevista ou de uma pauta que domine o noticiário digital.
Pivetta pode, sim, subir. Mas esperar que o vento sopre igual ao de duas décadas atrás é confiar demais que o passado ainda dita o presente. O tabuleiro é outro — e o relógio já está correndo.